segunda-feira, 25 de julho de 2011

No meio do massacre de Utoeya nasceu um herói

É com um ar pesado que Marcel Gleffe conta ao jornal Dier Spiegel a história que viveu há poucas horas. O alemão de 32 anos salvou mais de 20 jovens do massacre na ilha de Utoeya com o seu pequeno barco vermelho. «O que nós fizemos são coisas que acontecem», diz depois de uma noite quase em branco. 

O alemão está de férias no parque de campismo em Utvika que fica na costa mais perto da ilha onde Anders Behring Breivik assassinou 86 pessoas. Do pequeno porto, onde estão alguns barcos de recreio para uso dos campistas, é possível ver a costa da ilha. 

Na passada sexta-feira, Marcel estava a sentar-se para beber café no alpendre da sua auto-caravana quando ouviu os primeiros tiros. «Pensamos que podia ser fogo-de-artifício», conta. Juntamente com os pais correram para o porto e rapidamente perceberam que algo de muito errado ocorria na ilha. 

A chegar à costa estava uma jovem que conseguiu nadar os 600 metros de lago que separam a ilha do continente. Gelada pediu ajuda e para chamar a polícia. 

Marcel conta que não pensou. Saltou para o seu pequeno barco vermelho, que alugou para a semana, e fui em busca dos jovens. Muitos gritavam para não se aproximar da ilha, mas ele continuou. Quando chegava à ilha conseguiu ver o atirador e mesmo assim não desistiu. 

Retirou os jovens que conseguiu da água e transportou-os para o parque de campismo. Perdeu a conta ao número de vezes que fez a viagem, mas calcula que pelo menos 20 jovens salvou. 

Os outros campistas seguiram-lhe o exemplo. Ao todo, os campistas salvaram mais de 150 jovens em fuga das balas. 

Marcel Gleffe confessa que «ontem o dia correu bem. Mas hoje sinto-me horrível, simplesmente horrível». Mas acrescenta que não podia ter feito mais nada se não ajudar. «O que nós fizemos são coisas que acontecem».




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