segunda-feira, 14 de março de 2011

A marcha foi apenas o início

No rescaldo da manifestação que no sábado levou cerca de 300 mil pessoas para a rua em todo o País contra a precariedade, segundo estimativas da organização, os promotores do movimento ‘Geração à Rasca’ esperam que o protesto, desde o início anunciado como cívico e apartidário, sirva de ponto de partida.



"Para as pessoas que estiveram lá, foi uma ‘catarse’ [libertação de emoções reprimidas], e é apenas o início", diz Alexandre Carvalho. O objectivo é a "participação civil na democracia de forma activa, porque está muito vazia, talvez por ser jovem e estar muito centrada nos partidos", considera.
Mas os organizadores são cautelosos quanto ao futuro. "Recebemos inúmeros contactos, e a caixa de e-mail está cheia, mas ainda não houve tempo para responder à maioria", adianta António Frazão, cuja prioridade é terminar, em Julho, o mestrado em Estudos Europeus.
Mas no Facebook já nasceu um novo espaço, o ‘Fórum das Gerações 12/3 e o Futuro’, uma plataforma para debater e trocar ideias no sentido de contribuir "para uma democracia mais participativa", disse Paula Gil, outra das fundadoras do movimento.
O impacto da marcha lenta impressionou os próprios organizadores. "Tudo isto foi surreal e foi arrepiante ver as imagens da manifestação", admite Alexandre Carvalho, que ainda assim recusa o papel de protagonista. "Não somos representantes de nada, queríamos dar voz a estas preocupações. Não nos foi dado nenhum poder, e o movimento não somos nós os quatro, são aquelas pessoas todas na rua, e que espero que tenham percebido o poder que têm nas mãos, porque é por isso que temos batalhado."
Mas este promotor do movimento não afasta a colaboração com algumas das associações que conheceu ao longo deste percurso. "Vou querer falar com algumas, e não ponho de parte a criação de uma. Interessa-me a ideia de saber para onde caminha o nosso Estado Social, mas quero continuar a participar como cidadão", diz o jovem.
MAIS 8 € POR ANO
Os jovens trabalhadores do sector privado que mais ganham são os licenciados. O grau superior permite aos trabalhadores entre os 25 e os 34 anos ganharem, em média, 1233 euros por mês. Mas, entre os jovens, foram os menos aumentados nos últimos 10 anos, revela um estudo do Centro de Investigação de Estudos de Sociologia do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Em média, receberam mais 7,8 euros por ano, metade do aumento registado pelos jovens na mesma faixa etária e sem o ensino superior. O estudo revela que os trabalhadores com ensino superior e com idade entre os 25 e os 34 anos eram os que, entre os jovens, auferiam as remunerações mais altas em Portugal, tanto em 2000 como em 2009.

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