Os portugueses estão hoje mais pessimistas do que há 25 ou mesmo 40 anos. Cerca de metade (58%) dos inquiridos de um estudo de opinião, divulgado esta terça-feira pela Deloitte, acredita que a situação económica está pior do que antes da entrada de Portugal na CEE (actual União Europeia). Ao mesmo tempo, 46% dos inquiridos considera que as actuais condições são piores do que antes do 25 de Abril.
Uma opinião unânime seja qual for o grupo etário ou região do país onde se viva.
Como principais problemas, os portugueses apontam essencialmente quatro, com o desemprego à cabeça: 81% dos inquiridos considera a falta de emprego como o principal problema nacional. Surge, depois, o endividamento das famílias, o sistema de saúde a exclusão social e a pobreza.
E o leitor? Concorda com estas opiniões?
Sem confiança nas instituições (Governo, partidos políticos e Assembleia da República), nas empresas e na sociedade civil em geral, que caminho é que os portugueses definem para o país? Um plano sustentável, com forte aposta na produtividade, mas também com um grande peso do papel do Estado.
Mais do que eliminar as barreiras para quem quer empreender, a maioria dos inquiridos (53%) defende que o Estado deve reforçar o apoio ao empreendedorismo. Mas até que ponto é que os portugueses estão dispostos a arriscar nos dias de hoje?
Com mais de 70% dos jovens, teoricamente mais optimistas, a defender que Portugal vai no caminho errado, sem visão estratégica e sem competitividade - um pessimismo que aumenta à medida que a idade também é maior - 54% dos portugueses que responderam a este inquérito não estão dispostos a arriscar num negócio próprio.
Então, o que estão, de facto, dispostos a fazer os portugueses para relançar a economia?
São capazes de mudar de casa se tiverem incentivos de uma qualidade de vida melhor ou a garantia de um emprego estável. Mas já questionados sobre a possibilidade de prescindir de benefícios fiscais para ajudar o Governo a dar mais incentivos à educação, ou deixar o subsídio de desemprego por um trabalho com remuneração inferior, os portugueses já torcem o nariz.
E o leitor? Concorda com estas opiniões?
«Ajudar sim, mas com limites. Este é o sentimento de compromisso dos portugueses», disse António Gomes, mentor do estudo, aos jornalistas.
Também com um pé atrás é vista a possibilidade de uma reforma no mercado de trabalho: apenas 12% considera que este é um factor importante para a economia.
Numa frase, este estudo mostra que «estas pessoas têm medo. Vêem a globalização, não como criadora de emprego sustentável, mas antes como uma ameaça», concluiu Belmiro de Azevedo, membro da comissão executiva do Projecto Farol, do grupo Deloitte, responsável pelo estudo.
«É preciso pregar muito, quem quiser pregar. As pessoas ainda lêem pouco, ouvem pouco e vão muito pelo que diz o vizinho».
Belmiro: crise «é igual ao desabamento de terras no Brasil»
O estudo é composto por 1.002 inquéritos a portugueses dos 18 aos 64 anos, de várias regiões do país. Foi realizado entre Outubro e Novembro de 2010 com entrevistas presenciais.
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