quarta-feira, 1 de junho de 2011

Sócrates atira-se a manifestantes: «Foi isso que lhes ensinaram na escola?»


Os ânimos estiveram exaltados à chegada para o almoço-comício em Torres Vedras. Um camião, uma avioneta e uma vintena de manifestantes em luta contra o encerramento do Externato de Penafirme.




À chegada ao almoço-comício em Torres Vedras, o primeiro-ministro demissionário foi recebido por uma manifestação de cerca de uma vintena de pais e alunos do Externato Penfirme, que contestava a nova lei de financiamento do ensino corporativo. Em frente ao restaurante, um camião com uma cobertura a negro fixava uma frase: «1800 alunos para a rua, porreiro pá» A mensagem também era reforçada na avioneta pilotada por um ex-aluno, que repetidamente sobrevoava o local. 

Os ânimos exaltaram-se quando membros da jota e autarcas se depararam com quatro manifestantes sentados à mesa do almoço, que foram escoltados para o exterior do restaurante. Cá fora, um pai entrou em acesa discussão com o presidente da Câmara de Torres Vedras, Carlos Miguel, por causa da redução dos apoios do Estado ao ensino particular e corporativo, uma medida do último Executivo de José Sócrates, que recebeu muita contestação em várias localidades.

«O que é que você vai fazer com 1800 alunos?», questionava o pai de um aluno, tendo recebido uma resposta rápida e acalorada por parte do autarca: «Eu digo-lhe, vai sobrar menos dinheiro para o patriarcado!» O autarca também acusou os manifestantes que entraram para o parque de estacionamento do restaurante «Severianos» de estarem ali por serem de outros partidos.

Os ânimos estavam quentes e foi preciso um reforço da presença da GNR à porta do restaurante. Pelo menos três carros de patrulha e uma dezena de militares.

Na sua intervenção, José Sócrates não deixou o tema passar em claro e teceu duras críticas aos manifestantes, reagindo a quente:«Aqui ninguém vai para os comícios dos outros, para as actividades dos outros. E vou mais longe... todas as manifestações são legítimas. Durante seis anos fui muito criticado, mas não me desviei dos meus pontos de vista». «Não aceito que se financie mais o privado do que o público», explicou o candidato. «No próximo dia 5 é a escola pública que vai a votos».

José Sócrates explicou também que os contratos de associação existiam onde não havia escola pública, mas que a situação actual é bem diferente e o Estado não podia continuar a financiar «em excesso» este ensino, quando existiam alternativas no ensino público.

«Esses do interesse corporativo acham que se sobrepoem ao interesse geral», acusou, sugerindo também que os manifestantes podiam também marcar presença nas campanhas de outros partidos. «Será que foi essa a tolerância que lhes ensinaram na escola? Será que ensinaram esta violência na escola? É esse o exemplo que querem dar ao país?»

Na sua intervenção, Sócrates sublinhou também que nunca assistiu a gastos tão elevados numa manifestação: «Nunca vi ninguém reivindicar por mais meios do Estado usando meios tão caros!», atirou. «E se queriam uma reacção do Estado, aqui está a nossa resposta com elevação», concluiu.

Do lado de fora do restaurante, os manifestantes foram-se embora, mas ficou lá camião parado e a avioneta a dar voltas no ar.

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