segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Quanto tempo tem de vida?


Depois dos kits para decifrar o código genético, começam agora a chegar ao mercado os testes que nos permitirão saber se podemos contar com uma vida longa. Ou, no mínimo, captar alguns sinais. Se para os primeiros a palavra-chave era o ADN, para esta nova geração são os telómeros.
Os testes começaram já a ser comercializados por duas empresas, lideradas por cientistas de topo. Uma, a americana Telome Health, é dirigida por Elizabeth Blackburn, prémio Nobel da Medicina 2009, e a outra, a espanhola Life Length, por Maria Blasco, diretora do Centro Nacional de Investigações Oncológicas de Espanha e membro do conselho científico da Fundação Champallimaud.




Miguel Godinho Ferreira, investigador do Instituto Gulbenkian da Ciência já distinguido nesta área, explica que os testes partem de um princípio inquestionável: os telómeros, as pontas dos cromossomas, vão-se encurtando ao longo da vida. Assim, telómeros curtos indicariam uma vida mais breve. Mas o valor dos testes permanece polémico entre os cientistas.
Ao diário El País, Maria Blasco explicou que o teste, feito por amostra sanguínea, não revela "se alguém vai morrer dentro de um número exato de anos", mas sim se tem tendência para determinadas doenças. E ajustar o estilo de vida.
Já o investigador português diz que o atual estado da investigação não permite mais do que "um estudo estatístico". É que o tamanho dos telómeros de cada um é diferente: "Os de uma pessoa de 20 anos podem ser iguais aos de uma de 40", diz Miguel Godinho Ferreira. Por agora, sabe-se que o tamanho está associado a algumas doenças raras e, ao que parece, também ao nosso relógio molecular.
Telómeros curtos significariam mais tendência para as doenças da idade: o cancro, as neurodegenerativas e as cardiovasculares.
Embora admita que, para já, os testes têm apenas um valor de alerta, Godinho Lopes acredita que há grande potencial nesta área, em especial a partir do dia em que a ciência puder manipular o tamanho dos telómeros, como está a ser tentado no seu laboratório: "Talvez então se consiga impedir o aparecimento de certos cancros. E há quem acredite que esteja aqui a fonte da juventude, não para fazer cremes, mas erradicar as doenças ligadas à idade."

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