O negócio vai certamente permitir à Microsoft aumentar a sua carteira de produtos. Mas onde se encaixa o Skype?
Na tecnologia, se andar menos informado do que a sua avó, então deve parar para reflectir. Um pouco por todo o mundo, os reformados usam o Skype para contactar com os seus netos, pelo que a Microsoft dificilmente pode afirmar que a aquisição desta empresa de telefone por Internet, por 8,5 mil milhões de dólares, constitui um esforço no sentido de a manter como uma grande empresa de ponta.
Certamente, este negócio vai permitir à Microsoft aumentar a sua carteira de produtos. Mas onde é que o Skype se encaixa? Um dos argumentos é que colocar o Skype na plataforma de distribuição da Microsoft vai permitir um aumento das receitas do Skype e tornar cada vez menos provável a deserção dos actuais clientes da Microsoft para outras plataformas. Na verdade, o número de pessoas com assinatura paga no Skype cresceu mais de 20% em 2010, mas as receitas totais ascendem pouco mais de 1% das receitas da Microsoft durante esse período. E 170 milhões de utilizadores do Skype é muito pouco quando comparado com o número de clientes da Microsoft. A grande questão reside em saber quantos destes últimos vão começar a usar o Skype, quando o mesmo começar a aparecer por defeito juntamente com o Outlook ou o Xbox Live.
Este negócio é mais interessante se atendermos à parceria entre a Microsoft e a Nokia. Se a voz e o vídeo se tornarem numa grande presença na telefonia móvel, faz todo o sentido que a Microsoft, desesperada que está por diferenciar o seu sistema operativo dos sistemas operativos da Apple e da Google, adira à marca predominante. E será que os operadores vão aceitar isso? Estes controlam o espectro móvel e a distribuição de dispositivos e dependem dos fluxos separados de voz e dados.
As empresas de telecomunicações fazem mais de 60% da sua facturação com receitas de voz sem fios. E já provaram que não vão ficar de braços cruzados a ver a telefonia por Internet ganhar terreno. Como tal, a Microsoft deverá manter as suas alianças com empresas como a Nokia e o Skype e manter relações com as companhias telefónicas, deixando-lhes alguma margem, enquanto não tornam mais apelativas as chamadas por Internet em dispositivos móveis. Mas algumas avozinhas acham que a Microsoft fazia melhor se poupasse o dinheiro que tanto lhe custou a ganhar e o desse aos seus netos, ou seja, aos investidores.
Exclusivo Financial Times
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