Polémica e divertida, a ginecologista e obstetra Maria do Céu Santo, responsável pelo programa 'Amor sem Limites', na Sic Mulher, desmistifica tabus e lança muitas achas para a fogueira do amor. Dicas para mais e melhor sexo, os mistérios da paixão e os segredos de um casamento de 30 anos são apenas alguns dos tópicos de uma conversa incendiária.
Quais são os maiores tabus?
A dificuldade em assumir que não se consegue atingir o orgasmo ou que o parceiro não tem ereção ou perde-a facilmente. Costumo dizer que as pessoas só contam desgraças, exceto no que respeita ao sexo em que só contam sucessos.
Um inquérito recente concluía que uma grande percentagem de mulheres tem disfunções sexuais...
Não é verdade. Há uma pequena percentagem de mulheres que tem pequenos problemas sexuais fáceis de resolver e que não chegam a ser disfunções. Disfunções são coisas como problemas da libido, do orgasmo ou dores na relação sexual. Mas o que a maioria das mulheres tem são pequenos problemas transitórios que se resolvem muitas vezes com aconselhamento. Porque fazer amor tem técnica, aprendemos por tentativa e erro. Somos ensinados a seduzir mas não a fazer amor. Os media tiveram um efeito positivo, mas é importante não banalizar a sexualidade. Há muito desconhecimento e mitos relativamente a isto de fazer amor.
Quais são os mitos mais comuns?
Um é achar que se pode fazer amor em qualquer posição e atingir o orgasmo. No duche, por exemplo, atingir o orgasmo é difícil, apesar de a água ser relaxante o que é bom para os preliminares. No dia-a-dia, saber estas pequenas coisas ajuda muito.
E o problema mais comum?
A diminuição do desejo devido ao cansaço, principalmente. É por isso que fazer amor não pode ser só ao fim do dia, quando já nem se tem força para puxar um lençol. Há que sair da rotina.
O ponto G é outro mito?
Não há certezas. A parede anterior da vagina, onde se diz que está, é mais vascularizada e tem muitas das terminações nervosas do clítoris, mas não existe propriamente um ponto, será mais uma zona com mais terminações nervosas...
E a história do orgasmo vaginal e do clitoriano?
É verdade que o orgasmo é essencialmente clitoriano, mas não quer dizer que seja por toque direto, porque se movimentar a zona dos pelos púbicos ou outras áreas está a tocá-lo indiretamente. Mas também é vaginal porque as terminações nervosas do clítoris também estão na vagina. Um dos grandes problemas das mulheres em atingir o orgasmo tem a ver com deixarem de ficar excitadas com a penetração porque deixa de haver contacto com o clítoris. Mas há volta a dar: mudar de posição ou usar a mão.
O imaginário sexual ditado pelos media ou a pornografia condiciona a fantasia?
Todas as fantasias sexuais são positivas. As fantasias estão sempre associadas às imagens que culturalmente nos metem na cabeça: os homens com mais de 60 anos gostam de mulheres com pelos púbicos porque os filmes que viam na altura mostravam mulheres assim, com os de 30 será o inverso. Não acho que a pornografia seja o principal modelo de aprendizagem masculino. O problema é que a sexualidade não devia ser desinserida do afeto, é boa é com afeto.
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