Podem dizer horrores de 2012 mas, para Mónica Moreira, o annus horribilis foi 2011 - e terá sido por isso que perdeu a cabeça, na última semana do ano. A 26 de dezembro, entrou na ourivesaria Antiquarium, no centro comercial Roma, perto de casa, em Lisboa, pediu para ver umas pulseiras e, fingindo-se interessada em comprá-las, guardou-as na mala. Depois, em vez de tirar a carteira, arremessou gás pimenta contra a funcionária da loja, cujos gritos chamaram a atenção do segurança do shopping. Mónica ainda tentou escapar, recorrendo a uma arma de soft air - que se usa para jogar paint ball. Sem efeito. A polícia chegou e levou-a. Presente a um juiz, ficou obrigada a apresentar-se às autoridades a cada 15 dias e a atestar que é acompanhada por um psiquiatra.
Loira, de 48 anos, Mónica Moreira, médica legista que também trabalhava como clínica geral, saltou para a ribalta em fevereiro de 2011, quando o controverso Armando Vara, agora a ser julgado no processo Face Oculta, se dirigiu ao Centro de Saúde de Alvalade, para pedir um atestado. Contratada a uma empresa de prestação de serviços, a Medic Search, Mónica Moreira assegurava o atendimento complementar a quem não tinha médico de família. E Armando Vara entrou-lhe pelo gabinete dentro, sem esperar a sua vez. Os outros utentes protestaram.
Dois meses depois, a médica foi afastada. A diretora do agrupamento de centros de Saúde, a que pertence o de Alvalade, garantiu, na altura, e mantém agora, que não há ligação entre os dois factos. "Foi azar, era ela que estava no atendimento complementar quando Armando Vara chegou, mas podia ter sido outro médico qualquer", afirma aquela responsável, Manuela Peleteiro. "Esse episódio nada teve a ver com o seu afastamento; eu já tinha pedido a sua substituição", diz, atribuindo a decisão às faltas constantes da médica. O certo é que, para Mónica Moreira, os azares não ficaram por aqui.
SEM TRABALHO NEM DINHEIRO
As ausências de Mónica Moreira, explicava a própria, dever-se-iam ao vínculo que teria com o Instituto de Medicina Legal (IML), de Lisboa. "Falso", declara Jorge Costa Santos, presidente do IML. "Há uns seis anos que essa doutora pediu licença sem vencimento." Mas há mais: Costa Santos afirma tratar-se de "pura fantasia!" o doutoramento em Avaliação do Dano Corporal que a médica teria completado no Hospital de Santa Maria.
Em outubro, tudo se complica. A contas com cortes orçamentais, Manuela Peleteiro prescinde dos serviços de Mónica Moreira também no centro de Benfica, onde a médica, ao contrário do que acontecia em Alvalade, cumpria o seu horário. "Fiquei com os médicos de que os utentes gostavam mais", justifica. E a Medic Search também rescinde o contrato com Mónica Moreira. Feito o balanço, no final do ano, não sobrava nada mais do que a comarca do Cartaxo, onde a médica fazia autópsias desde 2007. Mas tratava-se de uma ligação intermitente: ali, asseguram-nos, "nem todos os meses há corpos para autopsiar". Não foi possível à VISÃO falar com Mónica Moreira, mas o pai e o filho da médica, um rapaz de 15 anos que alegadamente a acompanhava no momento do assalto, já vieram a público alegar, em sua defesa, que a tentativa de roubo se deveu ao facto de estar sem dinheiro para a renda e os comprimidos que precisa de tomar. Se for considerada imputável, a médica incorre em cinco anos de cadeia - no mínimo.
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